sexta-feira, 17 de maio de 2013

DEPENDÊNCIA QUÍMICA NO BRASIL: SITUAÇÃO ATUAL - TÓPICOS DIVERSOS

Blog “Dependência e Co-dependência Química”, de autoria de Superdotado Álaze Gabriel.




O FLAGELO DO AVANÇO DO CRACK E DA DEPENDÊNCIA QUÍMICA


Autoria:

Marcos da Costa. Advogado e presidente da OAB SP.


De acordo com dados do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), a presença do crack no Brasil vem crescendo assustadoramente. Em 2002, 200 quilos da droga foram apreendidos. Em 2007, a apreensão totalizou 578 quilos, equivalente a 81,7% do crack apreendido na América do Sul.  Diante desse cenário, o país precisa voltar sua atenção à preocupante questão do consumo de substâncias psicoativas ilícitas, principalmente o avanço do crack, que vem se configurando como um dos graves problemas sociais do mundo.

O flagelo do crack está atingindo a população brasileira, independente da classe socioeconômica ou da faixa etária daquele que consome esse tipo de droga. As cracolândias não se concentram mais em áreas degradadas das cidades, grandes ou pequenas, já invadiram as casas, as escolas, as empresas, os espaços públicos, demonstrando que não tem limite em fazer novos reféns, entre crianças, jovens e adultos.  

Diante do poder viciante e letalidade do crack e do despreparo do Poder público em tratar tantos dependentes químicos, o tratamento obrigatório surgiu como uma proposta de sociedade e se materializou em um convênio firmado entre o governo do Estado de São Paulo, o Tribunal de Justiça, o Ministério Público e a Ordem dos Advogados do Brasil – Secção São Paulo para que aqueles que estejam em iminente risco de vida possam ter uma alternativa de sobrevivência.

Os dependentes químicos vivem uma realidade de degradação humana, perambulando pelas ruas e escondidos em “buracos”. Há um vale-tudo para sustentar o vício, filhos que agridem e roubam os pais, filhas que se prostituem, laços familiares que se diluem diante de tanta violência, a ressaltar a quebra social intensa. O destino da maioria dos usuários de crack, segundo o levantamento, é morte por overdose ou ser vítima de homicídio.

O censo de 2010 traz um novo dado alarmante: o número de usuário já estaria em 2,3 milhões de brasileiros. A maior parcela dos dependentes de crack é formada por homens jovens, mas o consumo feminino vem avançando, sendo que hoje temos o registro de centenas de casos de mulheres grávidas dependentes.

Certamente, não poderíamos enquanto sociedade viver com medo e insegurança; dispostos a abdicar de direitos e garantias; mas tínhamos de buscar alternativas para enfrentar o desafio de uma solução temporária, capaz de dar uma resposta à população. 

Dessa forma, o serviço jurídico que funciona no Centro de Referência de Álcool, Tabaco e Outras Drogas (CRATOD), na capital paulista, está mobilizando advogados, juízes e promotores para que os dependentes químicos em situação de risco e sem consciência de seus atos sejam encaminhados a tratamento ambulatorial e internação, após avaliação médica e judicial.

Esta é mais uma importante contribuição da comunidade jurídica à cidadania e um passo importante na política de saúde e de direitos humanos e no enfrentamento do crack. Nesse pacto, os advogados e demais operadores do direito fortalecem seu papel social, porque materializam as possibilidades de colaboração efetiva da Justiça e buscam reduzir os prejuízos causados pela dependência química.


MENORES DE IDADE PODERÃO TER TRATAMENTO DE DEPENDÊNCIA QUÍMICA FINANCIADO POR CARTÃO RECOMEÇO


Programa anunciado pelo governador Geraldo Alckmin


Ronaldo Laranjeira, coordenador do programa Cartão Recomeço, explicou que o tratamento, apesar de ser direcionado a maiores de 18 anos, poderá ser oferecido a menores de idade. Como cabe a cada município identificar quem precisa da recuperação, caso haja entidades especializadas em atendimento a adolescentes, os menores poderão ser beneficiários.


— Se tiver comunidades especializadas em menores de idade, o cartão poderá financiar.


Além disso, Laranjeira esclareceu que o programa não é voltado necessariamente a famílias pobres.


— Isso é relativo. Eu não ficaria com nenhuma exclusão social. Os municípios vão decidir dentro dos habitantes da região quem está precisando de cuidado. Não importa a classe social.


O edital para o credenciamento das entidades que trabalharão em parceria com o programa será lançado na próxima semana. O secretário de Desenvolvimento Social, Rodrigo Garcia, explicou que as entidades interessadas devem cumprir alguns pré-requisitos como protocolo de serviços a serem prestados, estrutura de recursos humanos, assistentes sociais, psicólogos, oficineiros, instalações adequadas e serão fiscalizados pelo Estado.

Inicialmente, serão disponibilizados 3.000 cartões para 11 municípios do Estado: Diadema, Sorocaba, Campinas, Bauru, São Jose do Rio Preto, Ribeirão Preto, Presidente Prudente, São José dos Campos, Osasco, Santos e Mogi das cruzes.

Com uma diária de R$ 45 (equivalente a R$ 1.350 mensais), o cartão irá custear a internação de dependentes em clínicas escolhidas pelo Estado por meio de edital.

 

DEPENDENTES QUÍMICOS: "A RECUPERAÇÃO SE DÁ DE MÃOS DADAS"


O Seminário sobre Dependência Química, encontro realizado pela Sociedade Bíblica do Brasil (SBB), que aconteceu em 31 de agosto de 2012, pelo quinto ano consecutivo, em parceria com as Comunidades Terapêuticas em Rede (COMTER) e o Conselho Municipal de Políticas sobre Drogas (COMAD) no Centro de Eventos de Barueri – MuBi, em Barueri (SP), tendo como tema "A recuperação se dá de mãos dadas", ganhará edições em Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, ainda este ano. A relevância da iniciativa levou à decisão de replicar o evento em outras cidades brasileiras, sempre com o objetivo de contribuir para reverter uma preocupante estatística: segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), estima-se que, no Brasil, 3% da população sejam dependentes químicos, ou seja, 6 milhões de brasileiros.

O secretário de Comunicação e Ação Social da SBB, Erní Seibert, que, em Barueri, apresentou a palestra "A Bíblia e a Família", ressalta que "no processo de recuperação, é fundamental que os familiares da pessoa com dependência química estejam envolvidos. Para que isso ocorra, a família necessita de apoio, orientação e esperança. Neste aspecto, a Bíblia e a sua mensagem se configuram em uma ferramenta essencial, tanto para a pessoa em recuperação quanto àqueles que estão ao seu lado".

Outra palestra, "Entendendo a Família no Processo Terapêutico", foi ministrada por Silze Morgado, coordenadora do Centro para Tratamento de Dependência Química Vila Serena. O programa também teve apresentação do Coral Nova Visão, do Instituto Benemérito Angelina Salvatore (Ibasa), encenação teatral da Trupe Rodapé, apresentação das Comunidades Terapêuticas em Rede (COMTER) e exibição do vídeo "Bíblia Despertar".

Participaram dirigentes de comunidades terapêuticas e seus internos, representantes de organizações não governamentais, órgãos públicos e igrejas, além de profissionais da área e interessados no assunto. Estes segmentos terão mais quatro oportunidades de participar do seminário em 2012.


CERCA DE 1,5 MILHÃO DE PESSOAS CONSOMEM MACONHA DIARIAMENTE, APONTA ESTUDO

 

Autoria:

Pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)

Publicado no iG São Paulo em .


Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad) realizado por pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) aponta que 1,5 milhão de adolescentes e adultos consomem maconha diariamente no País.  

Ainda de acordo com o estudo, divulgado nesta quarta-feira (1º), 7% da população adulta - 8 milhões de pessoas com idade entre 18 e 59 anos - já experimentou maconha alguma vez. Só no último ano, 3 milhões de adultos fumaram maconha.

Entre os adolescentes, 600 mil - 4% da população - usaram maconha uma vez na vida. No último ano, 470 mil (3%) consumiram a droga. 

Os pesquisadores indicam que 60% dos usuários consumiram a droga pela primeira vez antes dos 18 anos, um em cada dez homens adultos experimentou a droga uma vez na vida, mais de 1% da população masculina é dependente, quase 40% dos adultos usuários são dependentes e 1 em cada dez adolescentes que usam maconha é viciado. 

Sobre a legalização da maconha no Brasil, 75% dos entrevistados se disseram contrários à proposta. Outros 11% apoiam, 9% não souberam responder e 5% não responderam.

Foram entrevistadas 4.607 pessoas em 149 municípios, com idade a partir de 14 anos. A amostragem, de acordo com os coordenadores do estudo, é representativa. Diferentemente da primeira pesquisa, feita em 2006, os entrevistados no atual levantamento responderam a um questionário sigiloso sobre consumo de drogas.

Para o coordenador da pesquisa, o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, um dado preocupante é a proporção entre usuários adultos e adolescentes. Em 2006, existia um adolescente para cada adulto que usa maconha. Em 2012, a proporção aumentou para 1,4 adolescente por adulto. Em 62% dos casos, os usuários experimentaram a droga pela primeira vez antes dos 18 anos.

“Se as leis ficarem mais frouxas em relação ao uso da maconha, o maior prejudicado vai ser o adolescente. Qual vai ser o impacto em relação à saúde mental desses adolescentes? É isso que os dados nos alertam. A pessoa que já é usuária não vai mudar o padrão de consumo. Quem pode mudar o padrão de consumo, de acordo com a nossa atitude legislativa, é o adolescente”, avalia.

 

PAÍS TEM 2,6 MILHÕES DE USUÁRIOS DE CRACK E COCAÍNA


Autoria:

1 - Fernanda Aranda - iG São Paulo | ;

2 - Alan Sampaio / iG Brasília.


Uma pesquisa divulgada hoje (5) mostra que o Brasil tem 2,6 milhões de usuários de crack e cocaína, sendo metade deles dependente (1,3 milhão). Deste total, 78% cheiram a substância exclusivamente (consumida na forma de pó); 22% fumam (crack ou oxi) simultaneamente e 5% consomem apenas pelos cachimbos, que já viraram marcas registradas das áreas degradas e conhecidas como cracolândias.

O estudo Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad), unidade de pesquisa da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), mostra ainda que, do total de usuários, 1,4 milhões (46%) são moradores da região Sudeste e 27% residem no Nordeste. No ranking de regiões, o Norte aparece em 3º lugar (10%) empatado com o Centro-Oeste. O sul, com 7% de concentração, está em último lugar.

“Fizemos as análises por classe econômica e, diferentemente do esperado, não houve nenhuma diferença estatística. O padrão de consumo de cocaína, seja aspirada ou fumada, é o mesmo entre os ricos ou entre os pobres”, afirma uma das autoras do estudo, a psicóloga Clarice Sândi Madruga. “Uma das hipóteses para este cenário é que o preço da cocaína está muito mais barato, o que facilita o acesso.”

Para os pesquisadores os achados sugerem que assim como a cocaína se popularizou e chegou à classe média e média baixa, o crack também deixou de fazer parte apenas dos problemas da população de rua e da marginalidade, como era no início da epidemia. A droga hoje afeta todos os segmentos socioeconômicos.

“Não há no mundo país que venda cocaína de forma tão barata. Em média, o preço da venda aqui é U$ 2 nos Estados Unidos custa 10 vezes mais”, completa o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, também autor do estudo da Unifesp e que investiga o padrão de uso de drogas em todas as nações, sendo consultor de muitas delas.

“Além disso, os governos não fizeram a lição de casa nos últimos anos. Não há um combate efetivo do tráfico drogas e, ao mesmo tempo, não foi ampliada a rede de prevenção dos novos usuários e nem o aumento da oferta de tratamento para os já dependentes.”


Primeiro do mundo


Marcelo Ribeiro, um dos primeiros pesquisadores de álcool e drogas do País a estudar o comportamento de usuários de crack, avalia que o potencial de consumidores destas drogas existentes no Brasil fez com que, nas últimas duas décadas, o país mudasse de papel na rota dos tráficos de drogas.

“Por ser muito populoso, o Brasil deixou de ser só local de passagem das drogas para virar destino final de consumo.”

Pelos dados da Unifesp, 2% da população brasileira usaram cocaína ou crack no último ano. Apesar de proporcionalmente parecer pouco, em números absolutos é muita coisa, diz a especialista em álcool e drogas, Ilana Pinsky.

“Isso sem contar que quando o assunto é sensível, como o caso da dependência química, as pessoas tendem a não ser totalmente verdadeiras nas respostas. Com quase toda certeza, a população usuária de drogas é maior do que a identificada na pesquisa”, avalia Ilana.

Mesmo que subestimada, os 2,6 milhões de brasileiros que se declaram, sendo 1 milhão deles consumidor de crack, já somam 20% do total de consumidores mundiais de cocaína, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) utilizados pela Unifesp. “Em números absolutos, nos mostram os dados da OMS, o Brasil é o segundo mercado de cocaína do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, e provavelmente o primeiro do mundo de crack, já que os outros países não separam a forma de consumo, aspirada ou fumada”, ressaltou a psicóloga Clarice Madruga.


Mais letal


Apesar da cocaína em forma de pó ser a mais prevalente entre os dependentes, os especialistas ressaltam que quando consumido na versão crack os efeitos são mais rápidos na degradação do cérebro. 

 “O crack está mais associado à mortalidade e ao envolvimento com a criminalidade”, afirma Laranjeira. “O uso da cocaína é mais escondido, embaixo do pano, mas nos números mostram que eles são muito altos e prevalentes. Na Europa toda há um declínio da utilização. No Brasil, percorremos caminho inverso”, lamenta.



Fontes: