segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

CO-DEPENDÊNCIA: A AVALIAÇÃO DA FAMÍLIA

 Blog “Dependência e Co-dependência Química”, de autoria de Superdotado Álaze Gabriel. Disponível em http://dependenciaecodependenciaquimica.blogspot.com.br/


A FAMÍLIA DO DEPENDENTE QUÍMICO

O uso e o abuso de substâncias químicas por um indivíduo não só o afetam diretamente como também prejudicam e atingem a todas as outras pessoas que estão à sua volta. 
Por isso a dependência química é também considerada uma doença familiar, pois atinge aos membros da família adoecendo-os lentamente. Podemos dizer, também, que ela é uma doença comportamental e social.
A estrutura da família se modifica quando um membro se torna D.Q.. Geralmente os valores são incompatíveis e, como o grupo familiar precisa sobreviver, as famílias se desorganizam e se disfuncionalizam.  A comunicação não é saudável, geralmente ruidosa e tensa, o ambiente tornar-se sem regras e limites, as pessoas passam a se relacionar com ressentimentos, normalmente são ansiosas ou, não suportando a pressão, podem deprimir. Neste sistema disfuncional o tema central da família passa a ser o abuso de substâncias e, frequentemente, os membros desta família usam defesas primárias como negação, projeção e racionalização para lidar com o conflito. Frequentemente, nas famílias do D.Q., notam-se níveis altos de violência, agressividade e abusos de uma maneira geral.
É comum em famílias de dependentes químicos notar-se uma falta de regras, limites, hierarquia, liderança, comunicação, moral ou ética.

O IMPACTO EMOCIONAL

A família é um sistema dinâmico e em constante transformação que cumpre sua função social transmitindo os valores e as tradições culturais.
O impacto que a família sofre com o uso de drogas por um de seus membros é correspondente às reações que vão ocorrendo com o sujeito que as utiliza. Devido a este impacto, a família progressivamente passa por 4 estágios:

1.    No primeiro estágio, prepondera o mecanismo de negação, ocorrem tensão e desentendimento, as pessoas deixam de falar o que realmente pensam e sentem.

2.    No segundo estágio, a família toda está preocupada com essa questão, tentando controlar o uso da droga e do álcool, assim como todo o resto (no campo do trabalho e convívio social), portanto é comum que as mentiras e as cumplicidades apareçam nesta fase num clima de segredo familiar, mantendo a ilusão do controle, “não falar do assunto como se estivesse causando problema para família”.

3.    No terceiro estágio, a desorganização da família é enorme, os membros passam a assumir papéis rígidos e previsíveis servindo de facilitadores, responsabilizando-se por ações que não são suas e sim dos dependentes químicos, ocorrendo inversões de papéis, facilitando com isso que o DQ não se responsabilize por suas ações, nem as decorrentes do uso e nem das conseqüências do mesmo.

4.    O quarto e último estágio é caracterizado pelo cansaço emocional, podem surgir graves distúrbios de comportamento em todos os familiares, podendo levar até ao afastamento entre eles gerando grave desestruturação familiar.

Os principais sentimentos da família que convive com DQ’s são: raiva, ressentimento, descrédito das promessas de parar, dor, impotência, medo do futuro, falência, desintegração, solidão diante do resto da sociedade, culpa e vergonha pelo estado em que se encontra.
A melhor defesa de uma família contra o impacto emocional do abuso de drogas e da dependência química é adquirir conhecimento, alcançando assim a maturidade e coragem necessárias para usar esse conhecimento. De fato, para que um programa eficiente de recuperação aconteça, o familiar em geral precisa de mais assistência e orientação do que o próprio DQ (ou paciente identificado).
Como já mencionamos anteriormente, dependência química é uma doença que tem um grande impacto sobre os familiares. Quanto mais distorcidas ficam as emoções dessas pessoas, mais inadequada fica a ajuda. A interação entre o D.Q. e sua família pode tornar-se destrutiva em vez de construtiva, como por exemplo, os mais próximos serem sistematicamente acusados ou responsabilizados por todas as suas dificuldades. Nenhum indivíduo é responsável pela dependência de drogas de outra pessoa ou por sua recuperação. No entanto, por falta de conhecimento, aqueles mais próximos podem permitir que a doença não seja detectada, até apoiar o seu desenvolvimento e contribuir para que o tratamento seja evitado. Por outro lado, através da compreensão do problema e com coragem, o familiar pode tomar atitudes que levam o DQ a uma recuperação antecipada - apesar de que isto não pode ser absolutamente garantido.
As pessoas diretamente envolvidas na vida do DQ não podem “tratar” da doença. Na medida em que a dependência química progride, aqueles mais próximos do DQ ficam emocionalmente envolvidos.
Inicialmente, a melhor ajuda que eles podem dar ao DQ é procurar auxílio e orientação para sua própria situação, para que eles não façam o papel de coadjuvantes no padrão de doença progressiva da dependência de drogas. Antes de mais nada, é preciso compreender que a família pode fazer tudo que é conhecido e dado como certo e, no entanto a doença pode prosseguir sem controle. Precisamos pensar na família como um sistema operante, onde todos os membros da família têm seus papéis e fazem parte de uma engrenagem. Assim, quando o DQ entra em recuperação, isto inclui a recuperação da doença emocional familiar. E a maneira de começar a ajudar na recuperação do DQ é começar trabalhar a si mesmo.

FALANDO SOBRE CO-DEPENDÊNCIA

Em 1987, um folheto distribuído em um serviço de treinamento sobre D.Q. e a família, patrocinado pelo Johnson Institute of Minneapolis, descreveu a Co-Dependência da seguinte forma:
Um conjunto de comportamentos compulsivos e inadaptáveis adquiridos por membros de uma família que passa por estresse e grandes dores emocionais como forma de sobrevivência.”

Essa definição refere-se a comportamento adotado por familiares de um DQ para sobreviver, mas que se tornou destrutivo. É necessário adquirir novos comportamentos, em vez de tentarmos obsessivamente controlarmos os outros (DQ). Aprendemos a desligar em vez de permitir que alguém nos use e nos magoe, estabelecemos limite em vez de reagirmos, agimos e permitimos que as coisas entrem nos eixos. Deixamos de nos concentrar no que está errado e passamos a observar o que está certo. Aprendemos a nos relacionar, aprendemos a amar a nós mesmos.
Recuperar-se também significa lidar com quaisquer outros assuntos ou comportamentos compulsivos que encontramos em nosso caminho. A co-dependência é furtiva e enganosa. E também progressiva senão tratada.

TRATAMENTO

·  Grupos de Mútua Ajuda: Têm como base os 12 passos dos Alcoólicos Anônimos. Representam uma fonte importante de apoio para a recuperação de muitas pessoas que procuram ajuda para problemas com drogas. Trata da questão da co-dependência como uma doença de relacionamentos num sistema familiar em que um dos membros pode ser quimicamente dependente.

·  Abordagem Sistêmica: A família é vista como um sistema que se mantém em equilíbrio. A partir desse enfoque busca a mudança no sistema entre os membros da família pela organização da comunicação.

·  Terapia de Grupo Familiar (Co-dependente): Trabalha a conscientização da doença do DQ e da própria doença (CO-DQ), dos comportamentos de negação, controle e facilitação, trabalhando o desligamento emocional, a conscientização da impotência, aprendendo a ser mais assertivo e responsável, libertando-se aos poucos da culpa e da raiva.

O terapeuta familiar deve estar atento, pois de modo direto ou indireto a família busca ajuda para o sofrimento de seu familiar.







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